7.84
Cabíria

Cabíria

Título original
Cabiria
Ano
1914
Gênero
Aventura , Drama , Guerra , História
Diretor
Giovanni Pastrone
País
Itália
Detalhes
148 minutos / preto & branco / mudo

Século III A.C.. A jovem Cabíria é raptada por piratas e vendida como escrava em Cartago. Quando ela seria oferecida em sacrifício ao deus Moloch, é salva pelo nobre Fulvius Axilla e seu escravo Maciste. Fulvius foge de Cartago e só consegue retornar à ilha dez anos depois, após as guerras Púnicas.

Enviado por melhoresfilmes


Um grande épico que estabeleceu paradigmas atemporais.

O filme de Giovanni Pastrone é responsável por diversas características da linguagem cinematográfica contemporânea, e tornou-se padrão aos épicos da era silenciosa da sétima arte. O cineasta foi o primeiro a utilizar a técnica de travelling, que é aproveitada até hoje. O longa-metragem possui detalhes encantadores em comparação aos da mesma geração: Pastrone não deixa espaços vazios: enquanto a ação principal ocorre, diversas atividades secundárias se passam entre os habitantes da cidade, enriquecendo ainda mais seus belos planos. Em 1914 o cinema ainda estava engatinhando, e Pastrone e sua fenomenal equipe construíram cenários exuberantes que representavam Roma. Fiquei boquiaberto ao ver toda a imponência do palácio, e temi junto aos serventes quando este começou a desmoronar. Após assistir ao filme refleti sobre a simplicidade de reproduzir tais monumentos no século XXI devido ao uso de computação gráfica, e como isso é um ato preguiçoso e nem se compara a genialidade dos envolvidos em “Cabiria”. Instiguei-me ao assistir às cenas ritualísticas: evidente que os cenários majestosos, e os monumentos que representam deuses ajudaram a criar um ambiente místico, mas o uso fascinante da iluminação contribuiu para o desenvolvimento de um clima que pode ser considerado amedrontador. Quando o sacerdote gesticulava e as chamas diante dele iluminavam seu rosto que se destacava em um cenário escuro, consegui imaginar as reações do público que contemplavam essa obra nas salas de cinema. Além de tecnicamente revolucionário, “Cabiria” possui personagens envolventes: a protagonista que leva o mesmo nome do título é apenas uma criança quando é sequestrada por piratas fenícios, e enfrenta uma árdua juventude como servente. Croessa, a fiel ama da protagonista, se sacrifica para proteger a criança. O poderoso Maciste, um homem de força inigualável que faz de tudo por seu mestre Fulvio, um soldado romano que salva Cabiria em troca de um anel. Entristece-me que o grande público tem pré-conceito com os filmes mudos, pois alguns são obras que demandaram de grande esforço dos envolvidos para serem executados, e este grande épico esquecido pela avassaladora maioria se enquadra neste grupo. Filme de extrema relevância. Recomendo que os amantes e estudiosos da sétima arte assistam a essa obra-prima, pois acredito que assim como eu a apreciarão.

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